terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Aos Recém-Paulistanos

          Você, bixo ou bixete amado, que vem de terras muito distantes, de lugares inóspitos ao quais os paulistanos sempre se referem como “aquilo”, não se preocupe com isso, com a cidade grande. Se de outro estado, é certo que o impacto se torna ainda maior, mas não há o que temer. É provável que você esteja se mudando permanentemente, sozinho, pela primeira vez na vida distante por tempo suficientemente longo dos pais. Sempre haverá aquela angústia nos primeiros dias, a vontade de gritar, um medo engasgado, essas coisas, que vêm junto com uma euforia pelas novidades, as pessoas, os lugares, a experiência.
            Não se preocupe, se você conseguir resistir por não muito tempo, logo tudo de acalma e o pequeno bixo se acostuma. Aos poucos, conhecerá pessoas novas, fará amigos, descobrirá lugares ótimos a que sempre quis ir, restaurantes com comidas incríveis, lojas que vendem exatamente aquilo que você sempre quis mas nunca encontrou “lá em casa”. Recomendo muito conhecer pessoas, além de ajudar com a estabilização dos humores nos primeiros momentos, eles sempre têm um lugar preferido – que talvez você também goste – para mostrar.
Se você, como eu, resolver passar um tempo antes das aulas começarem perdido na cidade grande, procure dar umas voltas, aventurar-se por lugares que pareçam legais, testar comidas estranhas, explorar a USP. Você, inclusive, que vem de longe e dispõe de certo tempo livre a mais, é bem provável que o perca em grande parte pela Cidade Universitária, conhecendo coisas por aí. Sempre há muito que descobrir, eu recomendo. O espaço é muito legal e poucos lugares de São Paulo são tão paisagisticamente tão agradáveis.
            São Paulo, falando nela, tem tudo. Dizem isso e é mesmo verdade. Há o que se fazer todo o tempo, todo dia, em quase todos os lugares. Muita coisa parece distante, longe, há quilômetros e quilômetros, mas uma vez que você aprenda a se locomover, tudo estará solucionado. Seja para balada, jantar algo diferente, encontrar desconhecidos, comprar a Jaqueta do Infinito, há como chegar. É só dar uma olhadinha na nossa sessão de Transportes que você descobre como.  
            Agora, falando de coisa mais séria, sempre surge o desespero da moradia. Há uma sessão aqui no manual para isso também, mas não se preocupe, tudo acaba dando certo. Não importa se você vai encontrar alguém na rua que do nada pergunte se você está procurando um colega de apartamento (como aconteceu comigo) ou se vai procurar e achar algo muito bom na internet. Sempre há solução.
E claro, não se esqueça de se alimentar. Sua mãe, seu pai, sua tia, sua avó, seus irmãos, não querem que você morra por inanição. Há milhões de lugares para se alimentar baratinho aí, e, é claro, nós também preparamos uma sessão para que você possa se alimentar bem, é só seguir na leitura.
            Aliás, não se esqueça da família. Eles são pessoas adoráveis do jeito deles e gostam de você do jeito deles. Dê uma ligada, fale com eles quando ligam, dê sinais de vida para pais preocupados. Não suma todo o final de semana que ficar aqui nem suma todo final de semana. Se você gosta muito da mordomia caseira, dê um tempo para os seus pais. Eles trabalharam para você vir estudar e os deixar em paz por um tempinho.
            O importante é que você se integre, sinta-se parte de alguma coisa mesmo sem saber que tipo de coisa é essa. Seus novos amigos são muito importantes, os antigos também, não os esqueça. Saia por aí, conheça coisa novas com os paulistanos ou se arrisque com outros “estrangeiros”. Não tenha medo de fazer algumas coisas, mas tenha algum medo. Vá a festas, estude quando for possível, conheça o lugar onde mora, conheça as pessoas que moram por aí, perto de você. Talvez alguém possa te acompanhar no caminho para casa. É sempre legal. E, eu já ia esquecendo, converse com os veteranos, nós somos muito sábios. Escolha algum aí para fazer de cristo e encher de perguntas inúteis sobre o curso, sobre a cidade, sobre a vida, sobre dúvidas existenciais, essas coisas. E, muito importante, se estiver aí, sozinho e se sentindo muito largado, sem emoção na vida, e não tiver como resolver isso, com quem conversar, for muito tímido, achar meio idiota fazer algumas coisas, contate nosso SAP (Serviço de Apoio ao Psicopatinho). Mais à frente há algo escrito sobre isso. Enfim, aproveite a nova vida, bixo. Aproveite a cidade, as pessoas, aproveite de verdade. Quase tudo vale a pena.
Cézar Luquine (11)

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